--Outra sexta dessas, saí com a Lu, o Vinicius e a Marli pra tomar uma cerveja depois da escola.
--Álcool vai, conversa vem, o Filósofo contou que a militância da UNE mandou muito bem na etapa nacional da CONAE, da qual ele participou, em Brasília.
--Uma das reivindicações dos estudantes era de que se abolisse a palavra “aluno” no documento final da Conferência e no vocabulário da gente, porque este termo significaria algo como pessoa sem luz.
--Já escutei muito esse tipo de reivindicação. Um monte de pessoa troca e sugere que nós troquemos a expressão “aluno” por “educando”. Isso acontece, por exemplo, na Rede de Educação Municipal na qual trabalhamos.
--Resolvi inaugurar minha passagem pelos nossos Diários sem classe mastigando a minha língua portuguesa pra tentar descobrir se essa galera não tem trocado gato por lebre, ou por preá.
--Segundo esse papo pregado pelo povo, "aluno" seria expressão composta pelo prefixo de negação A (não) e LUMNOS – derivado de LUX (luz), significando qualquer coisa como alguém sem luz.
--Acontece que A (ou alfa privativo) é um prefixo que incide sobre palavras originariamente gregas e este não é o caso de LUX, palavra latina. Luz, em grego, é τῶν (pronuncia-se “tón”).
--“Aluno” tem como raiz o verbo latino ALERE (alimentar, nutrir). De modos que, estando no particípio, ao pé da letra, aluno é alguém em nutrição, nutrido, alimentado.
--E quanto ao nosso "educando"?
--Educar guarda dentro de si o verbo latino EDUCERE, composto pelo prefixo EX (fora) e DUCERE (conduzir), conduzir para fora.
--"Educando", assim, é alguém conduzido para fora.
--As duas idéias, tanto da nutrição quanto da emanação, me parecem bonitas metáforas relacionadas ao universo do aprendizado, no qual convivemos todos nós, seres humanos. E nenhuma delas me parece mais ou menos pejorativa do que a outra.
--Entretanto, há, em ambas, outro traço comum, além do lirismo e mais gramatical do que semântico, sobre o qual precisamos nos debruçar: um desses caras está sendo nutrido; o outro, conduzido para fora.
--Fato é que os dois são objetos de ações sem sujeito.
--Paro por aqui, sugerindo mais uma sexta com cerveja para que pensemos a respeito.
--O que vocês acham?
--Álcool vai, conversa vem, o Filósofo contou que a militância da UNE mandou muito bem na etapa nacional da CONAE, da qual ele participou, em Brasília.
--Uma das reivindicações dos estudantes era de que se abolisse a palavra “aluno” no documento final da Conferência e no vocabulário da gente, porque este termo significaria algo como pessoa sem luz.
--Já escutei muito esse tipo de reivindicação. Um monte de pessoa troca e sugere que nós troquemos a expressão “aluno” por “educando”. Isso acontece, por exemplo, na Rede de Educação Municipal na qual trabalhamos.
--Resolvi inaugurar minha passagem pelos nossos Diários sem classe mastigando a minha língua portuguesa pra tentar descobrir se essa galera não tem trocado gato por lebre, ou por preá.
--Segundo esse papo pregado pelo povo, "aluno" seria expressão composta pelo prefixo de negação A (não) e LUMNOS – derivado de LUX (luz), significando qualquer coisa como alguém sem luz.
--Acontece que A (ou alfa privativo) é um prefixo que incide sobre palavras originariamente gregas e este não é o caso de LUX, palavra latina. Luz, em grego, é τῶν (pronuncia-se “tón”).
--“Aluno” tem como raiz o verbo latino ALERE (alimentar, nutrir). De modos que, estando no particípio, ao pé da letra, aluno é alguém em nutrição, nutrido, alimentado.
--E quanto ao nosso "educando"?
--Educar guarda dentro de si o verbo latino EDUCERE, composto pelo prefixo EX (fora) e DUCERE (conduzir), conduzir para fora.
--"Educando", assim, é alguém conduzido para fora.
--As duas idéias, tanto da nutrição quanto da emanação, me parecem bonitas metáforas relacionadas ao universo do aprendizado, no qual convivemos todos nós, seres humanos. E nenhuma delas me parece mais ou menos pejorativa do que a outra.
--Entretanto, há, em ambas, outro traço comum, além do lirismo e mais gramatical do que semântico, sobre o qual precisamos nos debruçar: um desses caras está sendo nutrido; o outro, conduzido para fora.
--Fato é que os dois são objetos de ações sem sujeito.
--Paro por aqui, sugerindo mais uma sexta com cerveja para que pensemos a respeito.
--O que vocês acham?
Barbaro...ou melhor barbarie...
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