quinta-feira, 27 de maio de 2010

Primeira viagem

--Lembrei, terça-feira, de diálogo travado com amigo uns dias atrás:

-Eu: Meus alunos disseram hoje que sou legal. Fiquei feliz. Sinal evidente de carência afetiva.
-Amigo: Carência afetiva por quê? Disseram que você é legal. Qualquer um ficaria feliz.
-Eu: Eles acham todo professor que dá trabalho em grupo nas últimas aulas de sexta legal, bobo.


--Assim, me pus a matutar.
--Ser bacana está fora de questão (porque eu sou e ponto final, humpf). O ponto é: os adolescentes com os quais eu trabalho gostam muito de trabalhar em grupo, o que, honestamente, me intriga.
--Intriga porque não sei trabalhar em grupo, intriga porque sempre detestei trabalhar em grupo e, finalmente, intriga porque, durante toda minha vida escolar, trabalho em grupo sempre me pareceu sinônimo de trabalho individual meu, multiplicado pelo número de integrantes da trupe.
--Depois de termos conversado a respeito das relações entre nosso grupo docente na última reunião de planejamento integrado, tentei encontrar um motivo razoável pelo qual eu tenha essa espécie de dificuldade.
--Cheguei a algumas conclusões: sou mandona e intransigente. Sou chata, perfeccionista, egocêntrica e centralizadora também. Eureka!?
--Mas trabalho em grupo (não exclusiva, mas especialmente na esfera escolar) não é um dispositivo do qual a gente lança mão pra, justamente, levar o sujeito a elaborar esse tipo de dificuldade?
--Verdade é que talvez eu nunca tenha trabalhado em grupo.
--Não até aqui.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pássaros

Pássaros
Seus
Instintos
Os faz alçar
Os faz voar
Ao horizonte
Ímpeto
Distante
Intrigante
Brilhante

Voem
Voem
Porém
Cuidado!
Cuidado!
Com tiros
Com falácias
De armas
De discursos
Camuflados
Que matam
Esmagam
Sonhos
Vôos

Convertendo-os
Em
Aves
Gordas
Produtivas
E deliciosamente
Manipuladas

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Tomando Posse

Hoje a diretora de nossa pequena notável escola Jatobá tomou posse, e coincidentemente, hoje, também, estou tomando posse nesse latifúndio virtual de ideias.
Confesso que estava meio desmotivada para essa posse (a minha), por isso estava adiando tal momento, mesmo porque, já dizia Horácio: “A palavra, uma vez lançada, voa irrevogável.".
Mas a motivação chegou antes mesmo do que eu imaginava. Ela veio com a posse da diretora. E o que parecia ser mais um evento simbólico sobre “Democracia na Educação”, com citações freireanas e tudo mais, transformou-se em um verdadeiro exemplo de efetivo exercício democrático.
Não pensem que sou contra as eleições dos diretores, mesmo porque, em nossa escola, pelo menos, essa prática tem funcionado muito bem.
Mas o real motivo da minha posse se deve à mobilização dos nossos alunos da EJA, ocorrida durante o evento. Os alunos cobravam um professor de matemática, desde muito tempo requisitado por eles e pela escola. As cobranças não foram dirigidas para a diretora, era uma questão direta com os representantes da Secretaria de Educação do Município, que estavam presentes no evento e que discursavam durante a posse.
A mobilização nasceu dos próprios alunos, não interferimos no processo de organização, na produção dos cartazes, nem na construção dos argumentos (PERFEITAMENTE COERENTES), mesmo porque, tratava-se do interesse deles. No entanto, a mobilização foi aparentemente considerada uma irresponsabilidade de algumas pessoas (supostos formadores de opinião, talvez...).
Achei um absurdo tal subestimação dos nossos alunos da EJA. Mas depois, lembrei-me do nosso projeto pedagógico “Democracia Pra Quê?”, que relaciona a maioria dos assuntos trabalhados nas disciplinas com o tema “Democracia”, e percebi realmente que tínhamos culpa no cartório, mesmo que de forma indireta.
Paciência, o produto final do projeto era para aparecer só no fim do ano letivo, mas FORÇAS externas o fizeram eclodir com seis meses de antecedência.
Afinal de contas, democracia é para o quê?


Edilaine

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O que aprendemos nesta semana?

Aprendemos que...
Ter bons alunos é fundamental!
Que a ameaças podem surgir de onde menos esperamos.

Democracia para quê?

Convocação a todos sem classe a responder neste post!

domingo, 2 de maio de 2010

Cantos de canários não fazem pássaros voarem

Numa floresta qualquer
Canários
Cantam
Teorias
Convicções
Construídas
Em esferas
Acadêmicas
Por teóricos
Românticos?
Utópicos?
Entoam
Freire
Como:
Músicas
Poemas
Para ouvidos
Alienados
De
Papagaios
Que repetem insanamente
Numa mata qualquer
Numa árvore
Jatobá
Onde

Pássaros
Querendo
Voar
Porém
Não

Cálculos
Matemáticos
Necessários
Para
Voarem...